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Estruturas mais leves requerem atenção dos projetistas

A redução do peso das estruturas pode gerar uma série de benefícios para a edificação, mas é necessário cuidado para garantir que as vantagens sejam realmente alcançadas

A redução do peso das estruturas em um empreendimento é capaz de gerar diferentes vantagens. Em certos casos, os ganhos financeiros começam nas fundações, simplificadas em edifícios mais leves. “Podemos mencionar também os benefícios ambientais pelo menor consumo de materiais”, comenta o engenheiro Enio Canavello Barbosa, presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece).

O profissional destaca, porém, que não se trata de uma regra. No caso das fundações, por exemplo, elas devem ser projetadas considerando, além do peso do edifício, outras variáveis, como as características do solo. Ou seja, é possível que análises geotécnicas apontem para uma estrutura robusta, mesmo nas edificações ‘leves’.


EPS e a redução de peso das estruturas


O peso reduzido é uma das principais particularidades do poliestireno expandido (EPS). Na construção civil, o material ganha espaço em muitos projetos com o objetivo de tornar as estruturas mais leves. Isso acontece, por exemplo, quando lajotas de EPS são utilizadas como elemento inerte e sem função estrutural na execução de lajes nervuradas, desempenhando o mesmo papel das tradicionais peças de cerâmica.

O poliestireno expandido também é aproveitado na confecção do concreto leve, substituindo o agregado graúdo e parte do miúdo. A mistura, que tem baixa densidade aparente, é indicada para regularização de lajes ou na produção de estruturas que não exijam grandes esforços. Esse tipo de concreto ainda é usado na fabricação de blocos para a alvenaria de vedação, sendo interessante alternativa ao drywall convencional.

Fechamentos leves e que não sobrecarregam as lajes podem ser executados com painéis monolíticos de EPS — sistema composto por núcleo de poliestireno expandido envolto por duas malhas de aço eletrossoldadas entre si. Essas e outras soluções auxiliam na redução do peso do empreendimento, mas cada obra deve ser sempre estudada de maneira individual para garantir que todas as vantagens esperadas sejam, de fato, alcançadas.

“Cada empreendimento é único e uma solução adotada em determinado cenário pode mudar com o decorrer do tempo. Há projetos nos quais as decisões são resultado da disponibilidade dos insumos na região e dos preços da época. Por este motivo, não se tem uma opção única e permanente”, afirma Canavello. Também por isso é indispensável contar com boa equipe de engenheiros, responsável por indicar as melhores alternativas em cada obra.


Cadeia de ganhos


A economia financeira proporcionada pelo menor consumo de materiais não se limita aos gastos evitados na compra dos produtos. Existe toda uma cadeia de ganhos que potencializa ainda mais a poupança. Há redução de custos no transporte até o canteiro, armazenamento e mão de obra que seria contratada para a execução das estruturas. Nessa equação, é possível inserir o investimento em máquinas, equipamentos e ferramentas que não foram utilizadas.


Cuidados com edifícios leves


Além das próprias estruturas, existem outros fatores que contribuem para aumentar ou diminuir o peso da edificação. “Se for um empreendimento de estoque de materiais com cargas acidentais elevadas, o uso de estruturas mais leves pode ser não significativo”, exemplifica o engenheiro. Nessas situações, são necessários cálculos para aferir se a opção pelas soluções com peso reduzido proporcionará benefícios consideráveis.

O projetista também precisa ter cuidado para que a redução no peso das estruturas não comprometa a estabilidade e a segurança da edificação. “Existem critérios normativos para cada tipo de solução estrutural adotada — metálicas, convencionais, pré-fabricadas, entre outras”, enumera o especialista. Logo, o engenheiro responsável deve estar atento e atender aos requisitos mínimos de deslocamentos admissíveis pelas normas técnicas.

A redução de peso pode permitir a execução de prédios maiores, no entanto, é fundamental sempre estar em conformidade com as legislações municipais. “Na cidade de São Paulo, por exemplo, edifícios residenciais têm gabarito de 80 m para evitar a execução de uma segunda escada e do elevador de segurança. Assim, lajes com tipologia mais leves podem ser mais altas invadindo o gabarito municipal”, comenta o especialista.

Outro mito desvendado por Canavello é a afirmação que empreendimentos com peso reduzido sempre são construídos de maneira mais rápida. “Pode-se ter uma estrutura leve que utilize mais materiais e isso, em um edifício alto, não garantirá uma obra rápida. Para tornar o processo ágil, seria necessária a instalação de mais uma grua que aceleraria o ciclo do andar. Porém, tal saída deixaria a construção mais cara devido à locação de outra grua”, conclui.

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