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Estudos confirmam: EPS não propaga fogo em caso de incêndio

Tanto ensaios laboratoriais quanto pesquisas internacionais chegaram à mesma conclusão, que o poliestireno expandido não contribui para o alastramento das chamas

Durante o processo produtivo, o EPS ou “isopor”, como popularmente o público já reconhece, recebe um aditivo antichama (Foto: My Sunnyday/ Shutterstock)

Em incêndios, o poliestireno expandido (EPS), popularmente conhecido como “isopor”, é aliado no combate à propagação das chamas. Isso ocorre porque ele encolhe e retorna ao formato e volume iniciais da matéria-prima quando exposto ao calor elevado. Ou seja, o material evita a passagem do fogo de uma estrutura para outra por dificilmente entrar em combustão — o que acontece somente em temperaturas superiores a 500º C e na presença de oxigênio. Esse comportamento é comprovado por diferentes ensaios laboratoriais.

“Embasados em normas técnicas (ABNT NBR 9442, ABNT NBR 5628, ISO-11925, ISO 1182 e ISO-13823), os ensaios delimitam os parâmetros que o EPS deve apresentar. São verificados, por exemplo, o tempo máximo de exposição ao fogo, as margens admissíveis na liberação de compostos, a geração de fumaça e resíduos, entre outros”, enumera o engenheiro Denilson Rodrigues, consultor técnico do Grupo Isorecort, lembrando que todo laboratório habilitado é capaz de realizar essas análises.

Concluídos os trabalhos, são emitidos laudos que descrevem as características do material estudado. Os documentos classificam o EPS (isopor), indicando se ele atende ou não as determinações das normas. “Também devem constar informações de como os ensaios foram realizados, os parâmetros atingidos e se os resultados estão dentro do esperado”, afirma o especialista, destacando que os procedimentos são bem simples e acessíveis.

Rodrigues destaca que a emissão dos laudos é separada em função do tipo de EPS. “Existem documentos específicos, indo do poliestireno expandido do tipo 1 até o 8”, detalha. O engenheiro comenta ainda que os ensaios levam em consideração a maneira como o produto será empregado. “A análise do material que poderá ficar exposto às chamas é diferente daquela realizada para a solução confinada dentro de outras estruturas, pois sem oxigênio não existe a possibilidade da combustão”, completa.

No momento de adquirir o EPS, a construtora tem o direito de solicitar os laudos técnicos junto ao fornecedor para garantir que o produto atende aos requisitos de segurança contra incêndios. “Todas as empresas devem ter esses documentos disponíveis para oferecer aos clientes”, diz o engenheiro. Outra opção do comprador é coletar amostras do lote que será utilizado na obra e enviá-las para ensaios no laboratório.


ADITIVO RETARDANTE
 

Durante o processo produtivo, o EPS ou “isopor”, como popularmente o público já reconhece, recebe um aditivo antichama (retardante). Para identificar os materiais que têm essa substância em sua composição, a indústria utiliza a letra “F” na nomenclatura dos produtos. Ou seja, o EPS 5F é do tipo 5 e possui o aditivo. “Cerca de 95% do poliestireno expandido manufaturado hoje no país é destinado para a construção civil e todo esse volume deve receber o retardante”, afirma Rodrigues.


ESTUDO INTERNACIONAL
 

Não somente no Brasil o comportamento do EPS exposto ao fogo é colocado à prova. Estudo conduzido pela associação European Manufacturers of Expanded Polystyrene (EUMEPS) também concluiu que o material oferece segurança em relação ao não alastramento das chamas em situações de incêndio. O trabalho considera o desempenho em termos de liberação de calor, propagação do fogo e produção de fumaça.

A publicação indica ainda que o EPS não colabora de maneira significativa para o aumento e densidade da fumaça, isso quando instalado corretamente e atendendo às diretrizes de aplicação dos fornecedores. De acordo com o estudo, em relação à toxidade da fumaça, o poliestireno expandido se comporta tão bem ou até mesmo melhor do que certos elementos, como a madeira, lã, seda, algodão e algodão, tratado com aditivo retardante.

Comparadas as fumaças geradas a partir da queima de todos esses materiais, o nível de toxidade vindo do EPS era consideravelmente menor. Também foram realizadas pesquisas sobre esse mesmo tema levando em consideração o método DIN 53436 — teste em pequena escala que fornece resultados relevantes para incêndios de grandes proporções.

Neste ensaio, as amostras foram aquecidas a 300, 400, 500 e 600°C. Além de vários tipos de EPS, o trabalho contemplou materiais como madeira de pinho, cortiça expandida, borracha, feltro e couro. A fumaça do poliestireno expandido era, no máximo, igualmente tóxica àquela emitida pelos demais. Outra conclusão de destaque é a não observação de efeitos negativos provocados pelo aditivo retardante.

O estudo também analisou o comportamento do pentano — agente utilizado para expandir o poliestireno — em cenários de incêndio. Apesar de inflamável, a substância permanece por períodos reduzidos no interior do EPS após sua fabricação. Além disso, o pentano se decompõe na atmosfera em dióxido de carbono e água em poucas horas. O artigo aponta que o elemento não desempenha influência significativa sobre a propagação do fogo.


NA PRÁTICA
 

É necessária uma altíssima temperatura para que o poliestireno expandido atinja seu ponto de combustão. Antes de chegar nesse nível, normalmente, o material já se deformou e retornou ao formato inicial de matéria-prima. “Vamos imaginar que existe 1 m3 de madeira e 1 m3 de EPS dentro de um ambiente atingido pelo incêndio”, supõe Rodrigues, supondo que o termômetro dentro do local já mede 700ºC.

“Devido à baixa densidade do EPS, teríamos 10 kg de material plástico em combustão contra cerca de 200 kg de madeira. O potencial de calor emitido, geração de resíduos e produção de fumaça será muito maior no caso da madeira, ou seja, uma mesma quantidade (em volume) de outros materiais, pode ter uma contribuição muito maior para propagação e manutenção do fogo do que o poliestireno expandido”, compara o engenheiro, lembrando que o cenário é diferente quando o EPS está confinado.

“Em um container, por exemplo, o material é aplicado no interior de chapas metálicas. Sem contato com o exterior e com o oxigênio ausente neste espaço, o EPS não entra em combustão e, consequentemente, a liberação de gases, fumaça e resíduos é mínima ou inexistente. Ele simplesmente retornará para o estado de matéria-prima. O EPS, muitas vezes, é colocado como vilão nessas situações, mas é justamente um dos materiais isolantes com menor risco a saúde”, conclui Rodrigues.


NORMAS TÉCNICAS
 

Normas técnicas que regulam o comportamento do EPS diante do fogo:

• ABNT NBR 9442 – Materiais de construção - Determinação do índice de propagação superficial de chama pelo método do painel radiante;
• ABNT NBR 5628 – Componentes construtivos estruturais - Determinação da resistência ao fogo;
• ISO 11.925 – Ignitabilidade;
• ISO 1182 – Combustibilidade;
• EN 13.823 (SBI) – Reação ao Fogo.

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